Cheques Roubados, Falsos, Clonados ou Adulterados
Cheques, principalmente pré-datados, são alvos fáceis de estelionatários que, com alguma técnica ou nenhuma, mudam seu valor. Os golpes variam desde a adulteração grosseira - na qual 6 reais podem virar 600 - até a utilização de produtos químicos que "lavam" o valor escrito, canetas que apagam com borracha (sempre utilizar a própria caneta pra assinar, não aceitar canetas de terceiros), montagem e colagem de folhas e clonagem de talonários.
Segundo Carlos Pastor, então presidente da ABRACHEQUE (Associação Brasileira das Empresas de Informação, Verificação e Garantia de Cheques), o avanço da tecnologia e o aperfeiçoamento das máquinas de impressão facilitam a ação dos fraudadores.
Uma estimativa da própria ABRACHEQUE indica que, em 2003, cerca de 20% dos 49 milhões de cheques devolvidos no ano, tinham como causa da devolução roubo, clonagem ou outras fraudes.
No momento, uma das fraudes mais freqüentes contra o varejo, comércio e os meios de pagamento em geral, é a clonagem de folhas e talões de cheque. Nesta sede não consideramos "fraude" a simples emissão de cheques sem fundos, mesmo que este seja um problema muito sério para o varejo, e em alguns casos possa realmente ser fruto de fraude. Estudos de setor indicam uma média de 15 a 17 cheques devolvidos por falta de fundos para cada 1.000 cheques compensados.
Entre as formas de clonagem, estão a manual, em que é utilizada uma folha de cheque verdadeira, com o nome sendo apagado, e a mecânica, onde é usada a impressão a laser de folhas de cheque em nome de usuários verdadeiros ou não.
Nesse tipo de fraude, o consumidor pode ter passado um cheque que foi repassado para uma equipe de fraudadores. Utilizando as informações verdadeiras do cheque do cliente, os fraudadores podem vir a emitir outras folhas falsas.
Para que o cheque seja clonado não é preciso nem que o talão tenha sido furtado ou extraviado. O Banco Central (BC) já começou a receber denúncias de que esse novo tipo de crime pode atingir de surpresa o cliente que está de posse do seu talão. O próprio BC sugere que os clientes dos bancos só emitam cheques nominativos, mesmo que o pagamento a fazer seja de pequeno valor.
O BC reconhece que entregar um cheque hoje para um desconhecido é um risco. Isso porque esse cheque pode ir passando de mão em mão e cair nas garras de um criminoso. Com o cheque em mãos, a quadrilha pode clonar um talão inteiro, colocando nos cheques falsos a mesma seqüência de numeração do verdadeiro, treinar a assinatura do cliente e sair por aí dando cheques no comércio ou mesmo tentar sacar o dinheiro diretamente no caixa do banco.
Este, de certa forma, é outro tipo de fraude ligado ao conceito de "Roubo de Identidade". Em muitos casos os golpistas usam também RGs falsificados para poder melhor aproveitar seus cheques clonados ou roubados.
Quando o cliente descobrir pode ser tarde. Se o banco não desconfiar e ligar para confirmar a emissão e o valor do cheque, ele só vai descobrir na hora que tirar um extrato para controle e verificação do saldo. Aí a dor-de-cabeça será grande. O cliente terá que entrar em contato com o banco, explicar o que aconteceu, sustar todos os documentos, denunciar o crime à polícia e ao BC e aguardar, pacientemente, que a situação seja resolvida.
Infelizmente os bancos, geralmente, demoram para ressarcir o cliente e ele pode ficar com a conta à descoberto devido aos cheques falsos ou, no mínimo, pagando o cheque especial enquanto o estorno não é feito. O BC informa que é obrigação do banco ressarcir o cliente, inclusive devolvendo também a parcela de juros que foi cobrada no cheque especial por conta do débito do cheque falso em conta corrente.
Em defesa da demora dos bancos nos ressarcimentos, deve-se dizer que eles também são vítimas dos golpistas e em muitos casos também de aproveitadores que simulam falsos golpes. Por esta razão é justo que sejam feitas todas as necessárias e, infelizmente, demoradas averiguações.
O cliente que sofreu o golpe pode também continuar recebendo telefonemas de cobrança de operadores da praça por onde o falsário passou aplicando o golpe. Outro risco é o do cheque ser usado num esquema de lavagem de dinheiro (isso vale sobretudo para cheques de valor mais alto). O cliente dá um cheque, sem discriminar para quem, em São Paulo e depois pode ser surpreendido com o uso indevido desse documento em qualquer outra região do País. Até explicar o que de fato aconteceu, o cliente inocente pode virar um suspeito até mesmo para a polícia.
As modalidades de golpes com cheques mais na moda, entre os praticados por quadrilhas, são:
1) A rasura quase que microscópica da numeração de cheque, cujo objetivo principal é passar como normal um cheque com ocorrência de roubado. Trata-se de trabalho muito bem feito, realizado por profissionais, e que a olho nu é de difícil identificação, sendo necessário, às vezes, o uso de lupa 10x para sua detecção.
2) A alteração do valor original do cheque autêntico, através de várias possíveis técnicas, antes da apresentação ao banco para saque.
3) A clonagem/montagem de cheques, seja por fabricação caseira - montagem do cheque através de imagem escaneada que depois é impressa em jato de tinta, por off-set (impressão em gráfica clandestina) ou então por meio de formulários em branco que foram roubados de alguma agência bancária e sucessivamente completados com os dados de agência/conta/números/cliente... através de impressão laser ou jato de tinta.
Fonte: http://sellerink.com.br/blog/2013/02/